*Ruben Figueiró
No final da semana que passou li interessante
crônica assinada pelo acadêmico Carlos Heitor Cony, na Folha de São Paulo, na
qual ele dizia que certa vez ouvira sugestão de um colega quando a mente
obnubilada por falta precisa de um assunto a ser abordado insistir-se em
redigi-lo começando pela expressão “é isso aí”. Não é exatamente o que está me
ocorrendo nesse instante, porém, a título de nariz de cera, jargão muito utilizado
para caracterizar o início de escritos, vale a sugestão.
O que desejo comentar, até porque é tema nos
meios de comunicação e nas rodas de conversas, desde o amanhecer do dia aqui em
Brasília, ou em qualquer ponto do território nacional, até a noite, a triste e
lamentável situação porque passa a nossa mais importante empresa - e apesar de
tudo ainda um orgulho nacional, a Petrobras.
Tia Candinha vinha comentando há muito tempo
desses escândalos aflorados agora e que ocorriam há anos, sobretudo, quando o PT
apossou-se do poder, fatiou as diretorias da Petrobras entre aliados e
tornou-se conhecedor dos imensos recursos, considerados (por eles: PT e
aliados) inesgotáveis.
Nestor, Paulo, Renato, Alberto, Fábio,
Venina, Graça... Personagens que ganham a atenção nacional e até internacional
pelas suas denúncias, documentos, delações e atitudes descortinadas
diuturnamente pela operação Lava Jato. E a cada dia uma novidade para o nosso
dissabor. A propina de 3%; as grandes empreiteiras desmoralizadas; os milhões
que deverão ser repatriados.
Mas o ponto que desejo tocar é justamente
talvez o mais sensível para o governo porque atinge o âmago das relações
pessoais da senhora presidente Dilma.
Noticiou-se que a senhora Graça Foster, a
qual – ressalto - é conhecida pela integridade pessoal, ética e moral com que
sempre se pautou nos anos em que preside a Petrobras teria (na tempestade
emocional que naturalmente vive) ido à amiga Dilma Rousseff por duas vezes
entregar o cargo. Sem êxito, no entanto.
Na minha avaliação, ou sua senhoria foi ao
Planalto para, num gesto de amizade, por o cargo à disposição - o que
quer dizer que gostaria de continuar nele -, ou teria sido insincera.
Ocorre que Graça Foster bateu na porta
errada. Se realmente fosse a sua intenção deixar o cargo, teria se dirigido ao
Conselho de Administração da Petrobras, que é estatutariamente a entidade que
pode receber o pedido, o aceitando ou não. Perdoe-me a senhora Graça Foster, a
sua atitude junto à presidente tem transparência irônica e é para inglês ver.
*Ruben Figueiró é senador e presidente de
honra do PSDB-MS