quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Despedida

Após mais de 60 anos de atividades políticas, deixo a vida pública com o encerramento do meu mandato em 31 de janeiro de 2015. Comecei minha trajetória muito jovem, inspirado por exemplos consagradores de grandes políticos de meu Estado. Ao longo desse período realizei minhas atividades com muito afinco, seriedade e perseverança. Quando deputado, não foi por acaso que ganhei a alcunha de “Formiguinha”. Encerro com muita satisfação por ter alcançado a coroação de meu esforço, ao atingir o ápice do Legislativo: a cadeira de Senador.

Agradeço ao meu povo que depositou em mim confiança e fez de mim vencedor nas urnas todas as vezes em que concorri. Agradeço também a todos que se comunicaram comigo intensamente pela internet nesses dois últimos anos.

Aqui neste ambiente de mídias sociais, uma novidade para um senhor de 83 anos, pude expor aos meus amigos de facebook e twitter meus pensamentos, propostas e ter acesso a esta rica interlocução. Inúmeras foram as vezes em que os comentários de vocês me inspiraram para discursos, projetos de lei ou simplesmente declarações a respeito do que estava movimentando esse universo virtual, um termômetro para sentirmos o que se passa pela cabeça do povo.

Volto para a condição de cidadão comum, por isso, não estarei mais tão assíduo nas minhas redes sociais, mas, tenham a certeza, estarei atento ao que se passa em nosso país. Sobretudo desse ano de 2015 que traz grande apreensão.

Saúde a todos!

Senador Ruben Figueiró

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Artigo: É isso aí

*Ruben Figueiró

No final da semana que passou li interessante crônica assinada pelo acadêmico Carlos Heitor Cony, na Folha de São Paulo, na qual ele dizia que certa vez ouvira sugestão de um colega quando a mente obnubilada por falta precisa de um assunto a ser abordado insistir-se em redigi-lo começando pela expressão “é isso aí”. Não é exatamente o que está me ocorrendo nesse instante, porém, a título de nariz de cera, jargão muito utilizado para caracterizar o início de escritos, vale a sugestão.

O que desejo comentar, até porque é tema nos meios de comunicação e nas rodas de conversas, desde o amanhecer do dia aqui em Brasília, ou em qualquer ponto do território nacional, até a noite, a triste e lamentável situação porque passa a nossa mais importante empresa - e apesar de tudo ainda um orgulho nacional, a Petrobras.

Tia Candinha vinha comentando há muito tempo desses escândalos aflorados agora e que ocorriam há anos, sobretudo, quando o PT apossou-se do poder, fatiou as diretorias da Petrobras entre aliados e tornou-se conhecedor dos imensos recursos, considerados (por eles: PT e aliados) inesgotáveis.

Nestor, Paulo, Renato, Alberto, Fábio, Venina, Graça... Personagens que ganham a atenção nacional e até internacional pelas suas denúncias, documentos, delações e atitudes descortinadas diuturnamente pela operação Lava Jato. E a cada dia uma novidade para o nosso dissabor. A propina de 3%; as grandes empreiteiras desmoralizadas; os milhões que deverão ser repatriados.  

Mas o ponto que desejo tocar é justamente talvez o mais sensível para o governo porque atinge o âmago das relações pessoais da senhora presidente Dilma.

Noticiou-se que a senhora Graça Foster, a qual – ressalto - é conhecida pela integridade pessoal, ética e moral com que sempre se pautou nos anos em que preside a Petrobras teria (na tempestade emocional que naturalmente vive) ido à amiga Dilma Rousseff por duas vezes entregar o cargo. Sem êxito, no entanto.

Na minha avaliação, ou sua senhoria foi ao Planalto para, num gesto de amizade, por o cargo à disposição -  o que quer dizer que gostaria de continuar nele -, ou teria sido insincera.

Ocorre que Graça Foster bateu na porta errada. Se realmente fosse a sua intenção deixar o cargo, teria se dirigido ao Conselho de Administração da Petrobras, que é estatutariamente a entidade que pode receber o pedido, o aceitando ou não. Perdoe-me a senhora Graça Foster, a sua atitude junto à presidente tem transparência irônica e é para inglês ver.

*Ruben Figueiró é senador e presidente de honra do PSDB-MS