sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Artigo: Aí é outra história


*Ruben Figueiró
 
         Ao combate é o chamamento que se ouve dos brasileiros de todos os recantos do solo nacional e as oposições a ele estão sintonizadas. É o que se extrai das declarações de Aécio Neves, principal portador das insatisfações populares, encorajado pela voz uníssona de 51 milhões de brasileiros.
            Em seu primeiro discurso no Senado após o resultado das eleições, que teve ampla repercussão nacional, Aécio retomou a posição de porta-voz das oposições e traçou as estratégias de combate aos desmandos do PT e de seus aliados.
 
Pela primeira vez o PT encontrará uma oposição totalmente em sintonia com a voz das ruas. O povo quer mudanças, quer enxergar posturas éticas e morais. Esse sentimento não será engavetado. A oposição estará atenta para mantê-lo ativo ao longo dos próximos quatro anos.
 
Eu entendo que é missão das oposições criticar veementemente o governo, especialmente se a decisão da presidente reeleita for por continuar distribuindo cargos e espaço de poder para as pessoas fazerem negócios. Isso não é a mudança prometida. Será mais do mesmo. O fato é que a população está saturada de mensalões e petrolões.
 
Claro, somos pela legalidade e acima de tudo pela democracia. Rechaçamos por completo a ideia de impeachment da presidente reeleita. Precisamos respeitar o resultado das urnas, por mais que se suspeite de fraude nas eleições. Se forem comprovadas, aí é outra história. Mas antes, é preciso dar tempo ao tempo para que seja realizada a investigação criteriosa que o caso exige. A ideia de impeachment ao invés de acalmar pode tumultuar os propósitos do regime democrático cuja implantação custou sacrifícios, lágrimas e mesmo sangue de brasileiros.
 
            Os governistas reforçam a ideia de que o país não está dividido nem rachado. De fato, torcemos para que não esteja. O momento realmente é de união, de diálogo, mas é preciso estar de ouvidos e coração abertos para o contraditório. Será que Dilma está preparada para isso? Será que seu temperamento permite? Pelo bem da Nação e das futuras gerações, espero que sim.
 
           Já estamos em recessão técnica, atestado pelos próprios institutos estatais, como o Ipea. Algo precisa ser feito com urgência urgentíssima para não chegarmos ao fundo do poço. Que o ano de 2015 seria difícil, de reajustes e medidas antipopulares, todos já sabiam. Acontece que as tais medidas começaram a ser tomadas três dias após as eleições. Se considerarmos que a presidente reeleita Dilma Rousseff jogava na conta do opositor o ano difícil, enquanto que com ela tudo seria um ‘mar de rosas’, podemos dizer sim que houve ‘estelionato eleitoral’.
 
            Como disse Aécio em entrevista ao Jornal O Globo: “A candidata Dilma estaria muito envergonhada da presidente Dilma. Para a candidata, aumentar juros era tirar comida da mesa dos pobres. Para a candidata, não havia inflação. A candidata dizia que as contas públicas estavam em ordem”.
 
Pois bem, a população brasileira constatou que depois de eleita, o discurso não condiz com a prática.
 
Retornar ao prumo, promover o crescimento econômico, sem se desfazer do atendimento social é o que todos queremos. Desejo que a senhora Presidente cerque-se das pessoas certas, de técnicos que realmente saibam o que estão fazendo. Não ceda apenas à pressão política e à acomodação de companheiros despreparados em postos chave da Administração Pública. Que faça diferente para conseguir cumprir o seu bordão de campanha do “seguir mudando” porque é de mudança real que o Brasil precisa e não de marketing. Caso contrário, confirmaremos ainda mais o estelionato eleitoral.
 
*Ruben Figueiró é Senador da República e presidente de honra do PSDB-MS

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Lava Jato: Eu não sabia não cola mais

Foto: Folha de São Paulo

Como qualquer cidadão, eu fico especulando até onde as autoridades maiores de nosso país têm conhecimento desses desdobramentos cotidianos da Operação Lava Jato. É de se estranhar que com tantos meios de informação à disposição do governo e diria até de escalões importantes do Palácio do Planalto tais autoridades não tenham detectado as maracutaias ocorridas no intestino de nossa principal empresa.

“Tá difícil engolir declarações em contrário (algo do tipo: eu não sabia)!” – É o que pensa até o cidadão mais comum.

Como já fizeram o Paulo Costa e o Youssef, creio que os altos dirigentes das empresas que foram presos no final da última semana desejarão lavar a sua cara. O sabão ficará imundo, é certo. Virá à tona a água suja das negociatas na Petrobras, consequência do suposto fato de que esses grandes executivos estenderam à mão aos operadores do sistema e se dispuseram a atender as ordens que possivelmente partiram de gabinetes palacianos, ora no Executivo, ora no Legislativo.

Creio que tudo virá à luz muito em breve.