sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Artigo: Emancipação política

*Ruben Figueiró

   Nesses praticamente dois anos de exercício no nobilitante cargo de senador da República – missão por mim almejada desde quando assistia empolgado as sessões da primeira Câmara Municipal de Campo Grande após a ditadura Vargas nos idos de 1948 – colhi frutos da convivência com expressões marcantes da política nacional. Não citarei nomes, tantos são eles e que contarão pela sua nominata meu respeito e admiração, tal a nobreza das lições que deles colhi.
            Nessas mal traçadas linhas, como disse Gil Vicente, lá pelo século XVI, sem o brilho e a arte de outros, traço o meu conceito sobre o tema em epígrafe: Emancipação política.
            O faço ao concluir a leitura de artigo do eminente senador Cristovam Buarque em O Globo (edição de 1º/11/2014) no qual sua excelência define que nosso país aos 200 anos de emancipação política não conseguiu completá-la efetivamente.
            O senador pelo DF cita oito obstáculos que a impedem (a emancipação) sem que o Brasil mostre suas forças vivas para transpô-los: custo das campanhas; política prisioneira do sistema de financiamento; amarras impostas pelos institutos de pesquisa e dos marqueteiros; falta de ideologia de esquerda e de direita; programas assistenciais para exploração eleitoral; silêncio dos intelectuais omissos da missão de oferecer alternativas; cooptação de agentes políticos por meio de mensalões, benefícios deletérios, por ONGs, sindicatos, federações e outros; e, finalmente, aparelhamento por parte do Estado ou do partido no Poder.
            Não há quem de sã consciência discorde do senador Cristovam Buarque, nessa balbúrdia em que se transformaram as eleições em nossa pátria amada, Brasil.
            Porém, me permito acrescentar às oito razões do senador a ditadura das cúpulas diretivas. Explico: Os dirigentes partidários são insistentes e persistentes em manter-se nas posições de comando e ao alvedrio de lideranças, fechar as portas ou deixá-las entreabertas ao desejo de tantas e tantas vocações de jovens “de todas as idades” que têm afinidade àquelas doutrinas partidárias e delas querem efetivamente participar, contribuindo com o fervor de seu entusiasmo. No meu entendimento, adquirido ao longo de mais de meio século de vivências partidárias e das quais só tenho admiração por duas, a UDN (ressalto, a original de 1945) e o PSDB pelas suas estruturas doutrinárias inquestionáveis, essa atitude prejudica que a estrutura partidária seja arejada.
            O resultado das recentes eleições sob o mais vivo e cívico clamor popular chama a atenção para a imperiosidade da reforma política, eleitoral e partidária a fim de oxigenar o processo de escolha e vitalizar as ações programáticas dos partidos, inclusive, e sobretudo, com uma sistemática e periódica renovação de suas direções.
            O consistente artigo do senador Cristovam Buarque que, entendo, abre campo para a discussão de um sistema eleitoral que contemple a eficiência de eleições por meio da escolha distrital de seus representantes, levará o debate a importância de se implantar o verdadeiro conceito de emancipação política, prioridade entre as reformas aclamadas pelo povo das cidades aos grotões.

*Ruben Figueiró é senador pelo PSDB-MS e presidente de honra do diretório estadual

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Racionamento de energia – consulta a São Pedro?

Nuvens negras já tentam encobrir o solo em nosso país. Aí estão pré-anunciados os aumentos dos combustíveis, da energia elétrica e de outros quejandos.

A oposição (que civicamente ganhou as eleições, mesmo perdendo-a, como afirmou Aécio Neves) durante toda a campanha eleitoral fez alerta aos brasileiros de que isto poderia acontecer, ao contrário da senhora presidente Dilma que, “mistificadamente” negava.  O governo petista pensou em votos, jamais no bem estar de seus governados ou na economia do País. Os amamentava com ilusões, assegurava a abundância do leite. Agora, diante da terrível evidência, vê o leite derramado e tenta recuperá-lo à custa do suor e do bolso de todos nós brasileiros.

O que se anuncia já tido como verdade de que haverá racionamento de energia elétrica desmistifica a balela mistificadora da senhora presidente de que em seu governo jamais haveria apagões de energia elétrica. O Operador Nacional do Sistema (NOS) já anuncia apagões “seletivos” durante a madrugada nos meses de janeiro e fevereiro, caso as chuvas não sejam suficientes para recompor os reservatórios das hidrelétricas ao patamar de 30% no início do ano.

Lembrando Garrincha no episódio da Copa do Mundo de 1958, é o caso de se perguntar se a presidente antes de fazer tais declarações haveria consultado São Pedro?

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Reforma política e partidária

                 Os partidos com base na lei orgânica atual fogem à modernidade do tempo em que vivemos. As ideias surgem e voam com rapidez supersônica. Porém, a dinâmica dos partidos tem um vetor idêntico à velocidade de uma carroça, lenta e preguiçosa. Seus dirigentes têm cisma oligárquica, não permitem a renovação de valores. Temem perder o manto.

                Roberto Romano, professor de Ética da Unicamp afirmou com propriedade e com ele concordo: “as oligarquias mandam nos grandes partidos”. Digo eu, não só nos grandes, como nos pequenos também, esses à busca de transações inconfessáveis, controlam tudo: alianças, supostos programas, o cofre e o horário eleitoral, que usam como moeda de troca.

                Pelas evidências, ninguém poderá discordar do iminente professor que aduz em suas declarações que é preciso impor eleições primárias e mandatos de dois anos para os dirigentes partidários, “sem reeleição”. Concordo com o mestre, discordando apenas quanto a negação da reeleição, desde que o seja por uma única vez, isso para o bom dirigente poder sedimentar o seu programa de arregimentação partidária.

 

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Artigo: Jeito tucano de governar


*Ruben Figueiró
 
A partir de 1º de janeiro de 2015 o Mato Grosso do Sul vai entrar num novo tempo. Pela primeira vez, o PSDB chega ao Executivo do Estado. O partido está preparado para exercer um governo moderno, sem discriminação, aberto a todos os segmentos sociais, convergindo propósitos, superando divergências pontuais e ideológicas, obedecendo estritamente às leis e aos Poderes constituídos.
 
O povo escolheu um homem honrado, competente, provado e comprovado na vida pública: Reinaldo Azambuja. Ele lutou com altivez contra a campanha negativa do PT. Teve a clareza de manter o sangue frio e venceu de virada. Vai enfrentar todos os desafios com dedicação e coragem.
 
Os problemas, conhece bem. Um ano e meio antes do início do processo eleitoral, Reinaldo Azambuja e seu grupo político já percorriam todas as regiões do Mato Grosso do Sul com o programa “Pensando MS”. Na conversa olho no olho, ouviu de diversos setores da sociedade, o que mais afligia cada região. Começa o mandato com conhecimento de causa e muita garra para fazer diferente. Para imprimir no estado a marca do “jeito tucano” de governar!
 
Ele vai priorizar a saúde, a educação, a segurança pública, estimular produção no campo e nas cidades, atuar na recuperação de terras degradadas, na superação dos conflitos de terras com indígenas e na garantia de melhorias dos assentamentos rurais.
 
 Em âmbito nacional, as oposições também saem vencedoras. Aécio Neves consolida sua liderança nacional. Enfrentou com altivez essa campanha suja. Ganhamos corpo e musculatura legitimados por metade da população que está insatisfeita com a presidente Dilma Rousseff e com os 12 anos de gestão petista. Mas na realidade, muito mais do que 51 milhões de cidadãos são contrários a fórmula baixo crescimento e inflação alta. O brasileiro não aceita a roubalheira na Petrobrás, cansou dos equívocos da política econômica e do aparelhamento do Estado.
 
Não foi por acaso a preocupação da presidente reeleita de ressaltar a importância da união e do diálogo a partir de agora. Ela sabe que está se deparando com um país dividido.
 
Porém, precisa superar o discurso e respeitar a oposição. Não tive a percepção de que ela evoluiu para uma postura de humildade de reconhecimento de seus erros. Continuei vendo a Dilma prepotente, carbonária, sem clareza sobre o real significado do pleito eleitoral.
 
O povo não deu cheque em branco a Dilma. Ela precisa escutar,  ouvir as novas forças políticas, e criar consensos centrais para dar esperança ao povo brasileiro.

O ano de 2015 será extremamente difícil do ponto de vista político e econômico. Atravessamos terríveis turbulências sociais. Além disso, há esqueleto nos armários, há a Operação Lava Jato, há escândalos submersos, há a própria “herança maldita” dos últimos dois anos.
 
Precisamos de um governo transparente, aberto, disposto a reconhecer seus erros para mudar. Caso contrário, viveremos os próximos quatro anos como uma nau em meio à tempestade.
 

*Senador e presidente de honra do PSDB-MS