sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Artigo: É esse o governo?

*Ruben Figueiró

Uma das coisas mais preciosas da democracia é a liberdade de imprensa – e ela garante, em última instância, o trabalho imprescindível do jornalismo investigativo. Por meio da mídia, escândalos vêm à tona e desnudam redes de corrupção, esquemas sórdidos de enriquecimento ilícito e nomes (anônimos ou já conhecidos do eleitorado).

O mais recente deles abala estruturas em Brasília e na campanha à reeleição presidencial. Com certeza não é coisa urdida por conspiradores da oposição. A divulgação dos nomes de um ministro de Estado, parlamentares e governadores como supostos integrantes de uma organização criminosa que superfaturava licitações da Petrobras e desviava dinheiro para partidos políticos deixa um cheiro de podre no ar.

Nos bastidores o assunto circula há muito tempo. Só que agora ganhou corpo, voz, nome e sobrenome: Paulo Roberto da Costa, outrora homem de confiança de Lula, Dilma e tantos outros.

 O escândalo é de tão grande proporção que já está sendo comparado ao mensalão petista.

A resposta do Palácio do Planalto sob o comando do PT há 12 anos é sempre a mesma: “eu não sabia! Não posso tomar providências enquanto não tiver informações oficiais”. Dá vontade de rir, não fosse um assunto tão sério num País com tantas desigualdades e problemas estruturais.

Aliás, não é a primeira vez que o governo é “surpreendido” com denúncias de corrupção. Dilma é a chefe do Executivo há quase quatro anos, mas participa da gestão petista desde sempre. Antes de ter virado a pupila de Lula e se transformado em presidente da República - a despeito da falta de experiência eleitoral e carisma político - ela havia sido ministra das Minas e Energia, ministra da Casa Civil e presidente do Conselho Administrativo da Petrobras.

Na maior desfaçatez ela afirma que esse novo escândalo “em nada abala as estruturas do governo”. Realmente, não. Por que será então que antes de tomar providências como o afastamento do seu ministro suspeito de envolvimento na corrupção bilionária da Petrobras, já mudou a coordenação de sua campanha? Eu mesmo respondo: deve ser porque medidas enérgicas de combate aos malfeitos só podem ser tomadas depois do trânsito em julgado pelo STF. Já a “água sanitária” para tentar limpar a mancha em sua campanha eleitoral teve de ser usada de imediato.

Fazendo uma análise rápida posso concluir que o governo Dilma começou como uma árvore cheia de frutos podres. Ela até que fez uma podinha aqui outra ali, mas a raiz continuou mofada.

As atitudes de Dilma enquanto ainda era a auxiliar prestigiada de Lula já indicavam como ela agiria diante de denúncias quando fosse a chefa máxima da Nação. Dilma se declarou “surpresa”, assim como Lula, quando do escândalo do mensalão; também ficou surpresa com a elaboração do dossiê sobre cartões corporativos para atingir o ex-presidente Fernando Henrique; da mesma forma foi surpreendida pelas denúncias contra Erenice Guerra, sua substituta na Casa Civil, e assim por diante.

Nesse imenso lamaçal que se tornou a gestão pública na era petista, nos deparamos com o aprofundamento de mais um escândalo. Outros muitos virão.  Agora com nomes e sobrenomes. Pior, com gente de peso, que há décadas manda e desmanda neste país compondo a base política da gestão Dilma.

Boa parte destes personagens já ocuparam as páginas da imprensa nacional com outros escândalos. Afirmam repudiar as especulações do senhor Paulo Roberto da Costa, ex-diretor da Petrobras, preso desde março pela Polícia Federal e tido como um dos chefes da quadrilha que agia na estatal. Eles podem até repudiar e exigir a honra lavada, mas quem vai responder se engole essa conversa de repúdio e honra é o povo em cinco de outubro.

Por isso, pergunto, e provoco: é esse o governo que o brasileiro quer por mais quatro anos? Afinal, diga-me com quem andas que te direi quem és. 

*Ruben Figueiró é senador e presidente de honra do PSDB-MS

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