sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Artigo: Há 25 anos



*Ruben Figueiró

Foto: Gerdan Wesley / Liderança do PSDB

Há 25 anos éramos tomados por uma intensa emoção. 558 homens públicos empunhavam em suas mãos a nova Carta Magna - elaborada ao longo dos 17 meses antecedentes - na célebre sessão em que o saudoso Ulysses Guimarães colocou a alcunha na Lei Maior da Nação de "Constituição Cidadã". Era 05 de outubro de 1988.

Após todo este período, posso olhar para traz com a sensação de dever cumprido. Sem dúvida nenhum, adentrar aquele plenário da Assembleia Nacional Constituinte, em 1987, foi uma das maiores emoções de toda a minha trajetória política. Eu sentia nos meus colegas esse clima de esperança, essa alegria imensa em poder estar ali escrevendo a história recente do nosso imenso Brasil. Estávamos ainda impactados pelo fim do regime de exceção, que ao longo de 21 anos impediu a plena liberdade de opinião e expressão, de voto, de mobilização, de ir e vir.... Tão diferente dos dias atuais! Hoje, o cidadão brasileiro, especialmente o jovem, que, com muita razão, reivindica nas ruas melhores serviços públicos de saúde, educação, segurança, o combate à corrupção, entre inúmeras outras pautas, o faz porque somos um país no qual a democracia está consolidada.

E essa foi a nossa luta nos finais dos anos 80, ali, nas infindáveis sessões de amplos debates marcados pelo ardor cívico daquelas pessoas imbuídas pelo voto popular para executar a importante missão: Garantir um texto em que não houvesse permissão para o desrespeito ao cidadão, em que se minimizassem as diferenças sociais e regionais, em que se garantisse um futuro mais próspero para o nosso País.

Muito se critica a prolixidade da nossa Constituição. Defendi à época que deveríamos ter sido sucintos, mas também entendo a necessidade do legislador daquele momento histórico, naquela conjuntura política, de querer fazer a Constituição Federal dessa forma: expressando absolutamente tudo, para não deixar margem a dúvidas. Fizemos um texto, que hoje já está bem modificado. Até o momento, a Carta Magna foi emendada 74 vezes e ainda há uma quantidade substancial de Propostas de Emenda à Constituição tramitando no Congresso Nacional.

Como deputado constituinte tenho muito orgulho de algumas bandeiras que empunhei e consegui que fossem aprovadas. A principal delas foi a inclusão da região Centro-Oeste no Fundo Especial. Graças a esta medida, consagrada no artigo 159 da Constituição Federal, foi possível criar depois, por lei complementar, o Fundo Constitucional do Centro-Oeste e agora, recentemente, o Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste, potentes alavancas para o desenvolvimento dessa importante região do nosso país, que tanto têm possibilitado recursos para o fortalecimento do nosso PIB, graças ao agronegócio.

Comemoro agora os 25 anos da Constituição Cidadã, com o delicioso gosto na boca de quem ajudou a escrever esta história e participou desse processo fundamental para a consolidação da nossa democracia, com a consciência de que o texto da Carta Magna precisa estar em constante aprimoramento, aberto às mudanças sociais e econômicas da nossa Nação.

*Ruben Figueiró é senador pelo PSDB do Mato Grosso do Sul

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Um alívio para as Santas Casas

Até que enfim lembraram das Santas Casas, talvez a mais honorável das entidades que atendem a saúde brasileira. Instituição quase bicentenária, com plantas por todo território nacional. A aprovação pelo Sendo em votação definitiva ao projeto de lei de conversão que dá anistia às dívidas tributárias acumuladas pelas Santas Casas e entidades filantrópicas é, pois, um resgate à dívida que a Nação tem com essas beneméritas instituições. Pelo texto, após 15 anos, a dívida tributária das Santas Casas será zerada caso as entidades mantenham em dia o pagamento dos impostos correntes.

Confesso que eu tinha preocupação com relação ao projeto de lei de conversão 23/2013, que alterou a MP 618/2013, tal o número de penduricalhos, ou seja, jabutis plantados em sua árvore, que desvirtuavam o propósito da MP. O que me convenceu a votar a favor do projeto de conversão foi o fato de que ele beneficiará 2.100 instituições Santa Casa do País.

Outro ponto que gostaria de destacar, esse com menor ênfase, é que o projeto de lei de conversão estabelece também recursos para a recuperação de um sem número de armazéns gerais que se encontram inativos pela displicência do poder público federal, no momento em que a produção agrícola nacional, sobretudo no Centro-oeste, está a exigir o aumento da capacidade estática dos armazéns.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Artigo: A expedição e o interesse boliviano


*Ruben Figueiró

Uma expedição de empresários, políticos, jornalistas e representantes do sindicato dos Transportes de Cargas partiu de Campo Grande rumo a alternativas de uma melhor opção para escoar a produção de grãos do Centro-Oeste e desafogar os portos de Santos e Paranaguá. O grupo de cem pessoas está percorrendo 1,6 mil quilômetros em território boliviano e mais 233 quilômetros em terras chilenas do corredor rodoviário interoceânico, que liga a cidade de Corumbá, na fronteira do Brasil, passando pelo território boliviano por Porto Quijarro e ingressando no Chile, indo até o Porto de Iquique, nas margens do Pacífico.

O propósito: verificar os aspectos positivos e negativos dessa rota. Estima-se que as vantagens seriam muitas, a começar pelo fato de as taxas portuárias chilenas serem de até 60% menores que as brasileiras. Esta rota significará uma redução de 5 a 7 mil quilômetros com o mercado asiático. Além do que representará para a nossa economia, temos de considerar o que significará para a nossa cultura, a partir do conceito de integração de mercados e dos povos.

Parece que damos o primeiro passo para a implantação das rotas bioceânicas, sonhada há décadas, desde o Acordo de Roboré, firmado pelo Brasil e a Bolívia, em 1953, com a iniciativa do eminente estadista governador de Mato Grosso, à época Fernando C. Costa.

No entanto, governo Boliviano vem protelando com certa determinação a inauguração desta rodovia, mesmo ela estando pronta. Por duas vezes a presidente Dilma tentou marcar a inauguração e não conseguiu, encontrando resistência de seu colega, o presidente Evo Morales.

A Bolívia deseja retomar uma área perdida para o Chile em 1879, na Guerra do Pacífico, o que impossibilita ao País ter uma saída para o mar. Ao protelar a inauguração da rodovia bioceânica, pressiona o Brasil para que interfira junto ao governo Chileno a seu favor.

Sem esta inauguração não há como validar o Acordo de Transporte Internacional Terrestre que daria livre fluxo aduaneiro entre Brasil e Chile, através do Porto de Iquique. A inauguração oficial da rota seria a condição sine qua non para que o processo entrasse em funcionamento de maneira plena. Enquanto isso não ocorre, caminhões brasileiros ficam retidos por mais de 10 dias na fronteira da Bolívia com o Chile.

Deixo a pergunta ao governo brasileiro, ficaremos atados à má-vontade do governo boliviano, impedidos de exportarmos nossos produtos a preços competitivos no mercado internacional?

Ruben Figueiró é senador da República pelo PSDB-MS