sexta-feira, 31 de maio de 2013

Tragédia anunciada

Em discurso no Senado hoje pela manhã lamentei a morte do índio terena Oziel Gabriel, ocorrida ontem durante a ação de reintegração de posse da fazenda Buriti, em Sidrolândia (MS).
Dizer que os acontecimentos trágicos são parte de uma crônica de mortes anunciadas é pouco. O que se viu (e se verá, infelizmente) constitui aquilo que a exacerbação dos espíritos em momentos de cris...e conduz os homens à violência, sem que o poder moderador do Estado atue de maneira efetiva.
Recebi os apartes dos nobres senadores Cristóvam Buarque (PDT-DF), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e Paulo Paim (PT-RS), todos lamentando a morte da liderança indígena. Eu disse que certamente o único com sangue terena naquele Plenário era eu.
Estou de coração partido. E digo que essa tragédia não aconteceu sem um alerta às autoridades maiores da Nação. É uma questão centenária que precisa de uma decisão imediata do Executivo Federal.
Também considerei lamentável a nota do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) que responsabilizou a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Justiça de se submeterem a pressão de produtores rurais. Isto é absolutamente inverídico. Pelo contrário, entendo a ação do governo federal sobre a questão como extremamente cautelosa. Houve inúmeros alertas da iminência de confronto sangrento.
Agora, a população sul-mato-grossense está traumatizada. Quer apenas que a paz e a ordem sejam restabelecidos, que o direito dos produtores rurais seja respeitado. E também que os direitos tradicionais e inalienáveis da população indígena também o sejam, porque assim se estabelecerá a paz no Estado.