Entre as inúmeras matérias
importantíssimas que votamos em 2013 no Senado, reservamos para a última semana
do ano legislativo um tema fundamental: o Plano Nacional de Educação(PNE).
Por falta de acordo entre líderes do
governo e da oposição, o assunto ficou para próxima terça-feira. Lamento
profundamente a constatação do vice-líder do meu partido, senador Alvaro Dias
(PSDB-PR), que disse: “Será um plano letra morta. As metas não garantem que
teremos avanços reais e objetivos para o Brasil”. Relator da matéria na
Comissão de Educação, Alvaro viu seu trabalho ser atropelado pelo governo, que
assumiu a relatoria em Plenário e retirou do texto itens fundamentais, como a
forma de financiamento das metas do Plano e a punição de autoridades que
descumprissem as metas orçamentárias previstas. Ou seja, deveremos votar um
“conjunto de boas intenções”, como bem definiu o senador José Sarney.
Por mais importante que seja o Plano
elaborado para estabelecer regras e metas para os próximos 10 anos na área da
educação, de nada adianta termos uma série de caracteres impressos e
registrados em Diário Oficial, se não observarmos mudanças reais na vida
prática e se não houver o combate aos gargalos pedagógicos.
Por esses dias li o artigo “Reflexões
sobre o Ensino no Brasil”, do livro Recoluta, de Abílio de Barros, lançado
recentemente em Campo Grande, no qual ele faz uma interessante análise a
respeito dos erros nossa da educação.
Com conhecimento de causa, este
intelectual de nosso Estado, que já foi secretário municipal de educação, cita
conversas com jovens brasileiros que vivem no exterior. Estes alunos relataram
que “é mole” estudar na Inglaterra ou nos Estados Unidos. Isso porque lá fora,
eles têm de cursar cinco disciplinas obrigatórias e duas optativas, enquanto
aqui no Brasil, nossos estudantes do ensino médio precisam se debruçar sobre 13
matérias diferentes! Será que é por que o nosso ensino é mais “puxado”?
Definitivamente, não.
Abílio de Barros na sua sagaz
observação destaca que “a causa fundamental do nosso atraso em educação é o
ensino ‘muito puxado’ em extensão ou abrangência e muito raso em profundidade.
O muito esforço que se exige dos nossos alunos é entulho de inutilidades que é
obrigado a estudar ou decorar e, evidentemente, logo esquecer. Nosso ensino é
muito abrangente e, por isso, superficial”. Abílio ressalta que o Brasil
precisa focar no processo de alfabetização, atualizar e modernizar a forma de
ensinar, e promover uma real valorização do magistério, com a melhoria salarial
do professor. Neste último aspecto eu me associo à proposta do senador
Cristovam Buarque de que a federalização da educação pública pode ser uma boa
saída, viabilizando assim, a valorização do magistério em todo o Brasil.
Não é nenhuma novidade a conclusão de
que a educação garante o caminho para o crescimento econômico e social e que
por meio dela se eliminam as diferenças e injustiças sociais. Por que então
nossos gestores públicos se recusam a trilhar por esta estrada?
*Ruben Figueiró é senador pelo PSDB-MS
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