sexta-feira, 10 de maio de 2013

Eleições e o compromisso com o país


*Ruben Figueiró

Sinceramente eu desconfio, até prova robusta em contrário, da real intenção do ex-presidente Lula quando lançou Dilma Rousseff à reeleição. Será que ele a deseja no posto ou com o gesto, tido como solidário, quer queimá-la no tempo para ser ele o candidato? Daí é que a questão pegou fogo e o tema das eleições de 2014 começou a contaminar as atitudes da classe política. Tenho percebido isso no Senado. Em temas fundamentais como a partilha do Royalties, o FPE e o ICMS, sinto, nas entrelinhas, o caráter eleitoreiro dos debates e até das decisões.

Enxergo esse processo com grande preocupação, pois a lógica dos interesses meramente eleitorais passa a prevalecer sobre as verdadeiras prioridades nacionais.          
Vemos a adoção de medidas populistas, de impacto imediato, que poderão prejudicar a economia assim que passar o período eleitoral. Criam uma sensação momentânea de bem-estar social, mas podem se reverter em contração de investimentos, aumento da dívida pública, elevação dos índices inflacionários, distorções cambiais, desequilibrando os fundamentos de uma economia sadia e sustentável.

Fico me perguntando: se o quadro se mostra tão favorável para o governo – que, conforme pesquisas, tem alta popularidade – qual a razão para antecipar tanto o calendário das eleições? Qual é o temor?

Em Mato Grosso do Sul, pude observar a expectativa em relação ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Não sei se por se tratar de uma novidade política no cenário nacional; se por causa da exposição dele como pretenso candidato na grande impressa; ou se porque ele constitui um fenômeno originário da fadiga de materiais, decorrente dos anos de governo lulo-petista. Mas posso constatar: o nome de Eduardo Campos está começando a tomar conta do corpo político da Nação num processo como diria o homem do campo, de “infestação do carrapatinho”.
A antecipação da campanha eleitoral também se reflete localmente. Já observei em MS intensa especulação em torno da sucessão no Executivo estadual, sobretudo após a recente visita de quatro ministros só pensando naquilo: a reeleição de Dilma.

Mas, ao analisar o resultado das últimas eleições, posso inferir que a sociedade deseja mudança, revisando o papel dos partidos que há várias décadas ocupam o centro do poder.

O resultado eleitoral de Campo Grande em 2012 foi emblemático. Valeram pouco na decisão dos eleitores o desempenho administrativo fabricado com peso da propaganda, a estrutura financeira abusiva e o tempo de televisão desigual.

O fato é que não há vencedores nem vencidos de véspera. Hoje, a gestão petista erra ao substituir compromissos com o País pelo compromisso com a manutenção do poder. Como diria o velho gaúcho, “estão querendo atropelar o cavalo no partidor”. Às oposições cabe manter o sentido de alerta sobre as distorções que possam ocorrer daqui pra frente.



*Ruben Figueiró é senador da República pelo PSDB-MS 

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